Serviço de Anestesiologia do Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina
Introdução – Os procedimentos cirúrgicos envolvendo as vias aéreas, principalmente a traquéia, constituem um desafio para o anestesiologista. O objetivo deste relato é apresentar um caso de fístula traqueoesofágica distal e a conduta anestésica realizada para uma paciente submetida a esofagogastrocoloplastia com gastrostomia. Relato do Caso – Paciente do sexo feminino, 52 anos, 49 kg, sem doenças anteriores, com história de pneumonias de repetição, tosse com escarros hemoptoícos e disfagia ha 6 meses. Inicialmente foi submetida à endoscopia, ocasião em que foi visualizada uma lesão na parede anterior do terço médio do esôfago. O trajeto fistuloso para a traquéia foi confirmado através da ressonância nuclear magnética e broncoscopia, que mostrava uma lesão orificial localizada a pouco mais de 1 cm da carina com 0,8 cm de diâmetro, outro achado foram nodulosidades na carina e brônquio fonte direito com biópsia inconclusiva. O uso de uma sonda de duplo lúmen foi descartado então, uma sonda traqueal 7,5 mm com balonete foi preparada, seccionando-se 1,5 cm da sua extremidade distal, excluindo o “olho de Murphy” e ocluído o canal de insuflação do balonete que se estendia até a ponta da sonda. Desta forma, a sonda ao ser introduzida teria como extremidade o balonete e este ocluiria ou se localizaria distal a fístula, evitando fuga de pressão para o esôfago e intubação seletiva durante o processo de ventilação. A paciente chegou ao centro cirúrgico com acesso venoso central, foi monitorizada com oxímetro de pulso, cardioscópio, pressão arterial não-invasiva e posteriormente capnógrafo. Após a pré-oxigenação, foi induzida com fentanil, propofol e rocurônio. Intubação realizada com auxílio do fibroscópio, para posicionar a extremidade da sonda próximo a carina. Manutenção do plano anestésico com oxigênio, isoflurano e alfentanil em infusão contínua. Ao término da cirurgia a paciente foi encaminhada a UTI e extubada no 2º dia de pós-operatório. Posteriormente apresentou insuficiência respiratória e foi intubada com uma sonda traqueal convencional, apresentando escape de ar pelo dreno da gastrostomia. No 26º dia de pós-operatório a paciente foi a óbito devido a complicações respiratórias. Discussão – O caso mostra uma alternativa viável e simples para intubação em fístula traqueoesofágica distal, quando o uso das sondas tradicionais não é possível. Referências – 01. Grebenik CR – Anaesthetic management of malignant tracheo-oesophageal fistula. Br J Anaesth, 1989;63:492-496.